O realizador português Manoel de Oliveira, o mais velho cineasta do mundo em actividade, morreu hoje aos 106 anos.
Manuel Cândido Pinto de Oliveira, nasceu a 11 de Dezembro de 1908, no Porto.
O primeiro contacto com o cinema foi como actor, quando aos 19 anos fez figuração no filme “Fátima Milagrosa”, de Rino Lupo, e com algumas experiências com cinema de animação.
“Douro, Faina Fluvial”, uma curta-metragem documental sobre a vida nas margens do rio Douro, foi o primeiro filme que Manoel de Oliveira rodou, então com 23 anos, com uma câmara oferecida pelo pai.
Hoje o filme é largamente elogiado, mas na altura foi mal recebido pelo público, tal como o imortal “Aniki-Bobó“, o seu primeiro filme de ficção, estreado em 1942.
O fundador do Fantasporto, Mário Dorminsky, defende que Manoel de Oliveira foi um “marco” no cinema mundial e um precursor do neorrealismo italiano, com “Aniki Bóbó”, e do documentário, com o filme “Douro Faina Fluvial”.
“É um marco no cinema em termos históricos”, declarou Mário Dorminsky, acrescentando que o cineasta foi um “visionário”, por ter trabalhado com actores não profissionais.
Em 1985, com 77 anos, recebeu o “Leão de Ouro” do Festival de Veneza, em Itália, e em 1989 foi condecorado pelo então Presidente da República, Mário Soares, com a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.
Nas últimas décadas teve sucessivos projectos cinematográficos, uns mais amados que outros, uns mais premiados que outros, mas sempre fiéis a uma estética cinematográfica individual.
O último filme do cineasta foi a curta-metragem “O velho do Restelo“, “uma reflexão sobre a Humanidade”, estreada em Dezembro passado, por ocasião do 106º aniversário.
Em Dezembro, Manoel de Oliveira foi distinguido com a Legião de Honra francesa, por uma carreira que o embaixador francês em Portugal, Jean-François Blarel, descreveu como “fora do comum”.
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