Queres ser feliz no amor? Segue o teu instinto, dizem os cientistas
De forma mais ou menos subconsciente, os recém-casados sabem à partida se o seu casamento irá ou não funcionar, conclui um estudo
Uma equipa de psicólogos norte-americanos conseguiu avaliar experimentalmente as atitudes subconscientes, em relação ao seu cônjuge dos dois elementos de uma série de casais casados de fresco. E conclui que, embora as pessoas não queiram — ou não o possam — dizer explicitamente o que sentem, lá bem no fundo elas sabem instintivamente se vão ou não ser felizes na relação. Os resultados são publicados "online", esta quinta-feira, pela revista "Science".
James McNulty, da Universidade Estadual da Florida, e colegas estudaram 135 casais heterossexuais casados há menos de seis meses. Mais precisamente, realizaram primeiro uma experiência e, a seguir, acompanharam os casais ao longo de quatro anos.
Durante a experiência inicial, foi pedido aos participantes para qualificarem verbalmente — explicitamente — a relação com o seu cônjuge e a gravidade dos seus problemas conjugais. A avaliação era feita com base em 15 pares de adjectivos de significados opostos tais como “boa/má” ou “satisfeito/insatisfeito”. Ao mesmo tempo, para obterem respostas implícitas, os cientistas mostraram a cada participante, durante uma fracção de segundo, uma foto do seu cônjuge seguida de uma palavra positiva tal como “fantástico” ou “sensacional”; ou de uma palavra negativa tal como "horrível" ou “terrível”. Os participantes tinham de carregar num botão para indicar, o mais depressa possível, se a palavra exibida no ecrã era positiva ou negativa. Foi precisamente a rapidez dessas respostas que permitiu medir a atitude implícita, subconsciente, de cada um.
“As pessoas que têm sentimentos realmente positivos em relação ao seu parceiro respondem muito rapidamente quando se trata de indicar as palavras que exprimem sentimentos positivos e muito lentas a indicar as que exprimem sentimentos negativos”, diz McNulty em comunicado da sua universidade. Pelo contrário, as pessoas com sentimentos negativos em relação ao seu cônjuge reagem mais depressa às palavras negativas do que às positivas.
“Todos queremos que o nosso casamento funcione”, salienta ainda. “E, no início, muitas pessoas conseguem convencer-se, ao nível consciente, de que está tudo bem. Mas as reacções automáticas, instintivas, são menos influenciadas por aquilo que as pessoas querem obrigar-se a pensar. Não é possível obrigarmo-nos a ter uma reacção positiva apenas por força de vontade.”
Mais tarde, os cientistas entraram em contacto com os casais, de seis em seis meses, para saber se a sua relação conjugal era ou não satisfatória. E constataram que, ao fim de quatro anos, os que tinham tido atitudes implícitas negativas ou pouco entusiastas durante a experiência inicial eram os que reportavam os maiores níveis de insatisfação no casamento.
“As avaliações automáticas que as pessoas fazem dos seus parceiros permitem prever o mais importante aspecto das suas vidas: a evolução da sua satisfação marital”, frisa McNulty.
Por isso, aconselha todos a “ligarem um pouco mais aos seus palpites”. E acrescenta que “se alguém sentir que o seu instinto lhe diz que há um problema, então talvez seja benéfico aprofundar a reflexão nesse sentido, inclusive com a ajuda de um conselheiro matrimonial”.
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