Marcar uma entrevista com Fernando Ruas exige persistência. Semanas a fio de tentativas. E quando, finalmente, chegou o dia ainda tivemos de esperar seis horas pelo entrevistado - que teve mil e uma reuniões marcadas em cima da hora. O presidente da Associação Nacional de Municípios que é, também, o presidente da Câmara de Viseu, vem a Lisboa todas as semanas, mas continua a achar que a melhor estrada ainda é a que leva para fora da capital. Ruas, o homem das rotundas, garante mesmo que era incapaz de morar em Lisboa: "Os semáforos têm uma duração interminável", queixa-se. O autarca é um homem de rituais: há mais de 20 anos que tem horários rígidos, acorda à mesma hora, corre das 7h20 às 8h20 e só tira nove dias de férias por ano. Vai sempre para o Inatel de Albufeira, porque diz que não sabe fazer férias noutro lugar. Nas páginas que se seguem, o autarca de Viseu conta de onde lhe veio a "febre" das rotundas, de como se lembrou de deixar crescer o bigode, da paixão pelos karaokes e das dificuldades que as Câmaras experimentam. Numa altura em que as autarquias se defrontam com cortes, Fernando Ruas diz que aumentam os pedidos de ajuda por parte dos cidadãos: "Só no ano passado, as câmaras gastaram 300 milhões de euros a pagar medicamentos e rendas de casa", diz.
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